sexta-feira, 30 de março de 2012

NATUREZA VIVA

4 Stagioni Pizzaria

Após ser convidado a desenvolver uma pintura para proposta decorativa da “4 Stagioni Pizzria”, junto a outros artistas da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, onde o tema a ser trabalhado era “pizza e as quatros estações”, desenvolvi um projeto que dialogava com a “natureza e vida” ou “a naturalidade de sobreviver”.




É de nossa natureza assemelhar nossos instintos básicos aos prazeres naturais, como alimentação e satisfação, a “vaidade de se alimentar”. Um trabalho construído sobre a referência poética da natureza morta. Contrapondo com minha poética onde representa a satisfação, sensação de estar vivo ao vampirizar a vitalidade de outro organismo para seu instinto básico de sobrevivência. Em minha arte eu chamarei este processo de “Natureza Viva”.




Como a origem da “natureza morta” deriva da pintura religiosa, ela passou a funcionar como metáfora moralizante dentro da cultura católica, como o alimento que é belo por fora, mas apresenta indícios de podridão interna, ou apenas um alimento que ostenta uma beleza tentadora e perigosa, como nas simbologias cristã de alguns alimentos.




Na Renascença, as primeiras pinturas de “natureza morta” procuraram retratar caveiras, velas e ampulhetas, como alegorias da mortalidade, e flores e frutas, para simbolizar os ciclos da natureza. Sua poética variou, explorando outros sentidos em diferentes regiões da Europa, dialogando com símbolos como o crânio, juntamente com uma matriz de objetos “vanitas”, como o relógio e o candeeiro apagado, sugerem que a pintura é o que tradicionalmente tem sido rotulado “vanitas” uma “natureza morta”. Lembra o espectador sobre a transitoriedade da vida humana e da futilidade de todos os esforços humanos e posses, os livros referido ao conhecimento, os instrumentos musicais aos prazeres e sensações de nossos sentidos, a espada o poder e as conchas a riqueza. Nas comunidades protestantes, devido à influência da reforma em vários países europeus, A intenção era decorar suas casas com objetos seculares, como pinturas, retratando elementos que consiste numa coleção de objetos que simbolizam a brevidade da vida humana e a efemeridade das realizações e prazeres terrenos, por exemplo, um espelho, cerâmica partida, e a quase indispensável caveira humana que se refere diretamente à morte. Uma denominação pecimista remetente a bíblía, “vanitas vanitatum, et omnia vanitas” em latim que, em tradução livre, significa “vaidade das vaidades, é tudo vaidade”.




“Vanitas Vanitatum memento mori”, “Vaidade das Vaidades lembra-te que morrerás”, este aforismo referente a Eclesiastes 1 e 2 originou um gênero de natureza morta que fascinava a sociedade sob influência do Calvinismo, condenando o materialismo exacerbado. Em latim, vanitas significa vaidade, no sentido de algo vão, sem valor, condenando a espetacularização, a pompa e o luxo exacerbado além dos princípios naturais do homem na luta por um posicionamento social estável e evolutivo. Portanto contrários às manifestações da estética Barroca incorporada pela Contra-Reforma.




Desviado do contexto popular de sua origem, a natureza morta serviu como registro das condições sociais e do status de sua clientela nas culturas presas a falsos valores sociais, baseadas nas classes altas e médias. Por essas pinturas podemos saber através de suas composições os hábitos alimentares que predominava em determinadas classes e regiões. Por exemplo, que a carne de caça, de porco, o peixe fresco e o seco, em especial o peixe fresco, que deixou de ser enfatizado nas pinturas por seu conteúdo religioso para começar a demarcar o elevado poder econômico do seu consumidor, uma vez que Madri está localizada no centro do país, e o peixe fresco era, portanto, muito mais caro ali do que o seco e, por isto, consumido apenas pela alta classe, tudo iguarias apreciadas por distintas classes sociais da província de Madri por estarem representadas nas pinturas. Enquanto na “4 Stagioni”, que fica na Rua C-267, esq. com a rua C-178, Qd. 607, Lt. 01, St. Nova Suiça, Goiânia-Go, são apreciadas Pizzas em receitas Italianas, também representadas nas pinturas, que decora o ambientes, por vários artistas diferentes.




É uma pena que depois das masturbações intelectuais dos ideais modernistas e das tendências formalistas, a “natureza morta” voltou a ser vista como em sua origem: um gênero “sem tema” e aderida até nos dias de hoje apenas como proposta decorativa. E é neste contexto que a pintura foi executada, valorizando a genuinidade da técnica autoral, o processo natural e satisfatório ao pintar, conseqüentemente uma informação visual, estético e plástico. Um surrealismo que dialoga com símbolos, composta em uma tela 45x45 pintada em tinta óleo da qual podemos identificar um pedaço de pizza referente ao ambiente (pizzaria), uma árvore referente à harmonia das quatros estações, uma flor de seis pétalas referente à “flor da vida” e seus seis estágios da criação, galhos secos, folhas se soltando de forma natural e três frutos refere-se a tripolaridade da natureza, iluminada por duas luas referente a dualidade e a harmonia dos opostos, além da garrafa de bebida e as conchas, referente ao vanitas, a satisfação natural do ser em explorar seus sentidos. Em uma maneira sadia onde tudo nos convém!



Referência bibliográfica: 
http://www.casthalia.com.br/a_mansao/preste_atencao/natureza_morta.htm