Exposição Cerrado é Arte - Ecobags produzidas no Fashion Mob por artistas e estilistas goianos.
O Cerrado Fashion Mob é uma iniciativa da revista Stile (que detém o evento Cerrado Fashion Week), em parceria com o Shopping Bougainville, que comemoraram no dia 11 de setembro de 2011 o dia nacional do cerrado. Neste editorial de moda o Cerrado Fashion Mob foi totalmente um mix de temas, enquanto artistas e estilistas produziam suas eco-bags, ao mesmo tempo acontecia um editorial de moda, como stylists, fotografos, hair stylist, make-up artist e modelos.
Customização de Eco Bags por Artistas plásticos e Estilistas No dia nacional do cerrado 11/09, ocorreu no Shopping Bouganville o 1º Fashion Mob de GOIÂNIA, reunindo artistas e estilistas com o propósito mobilizar as pessoas sobre o uso sustentável do nosso cerrado, para que estas atitudes sejam uma tendência para todos e não apenas para as coleções apresentadas na passarela. A região Centro-Oeste possui grande potencial em matérias primas para a confecção de uma moda ecologicamente correta. Além das customizações de Eco-Bags (Bolsas Ecologicamente Sustentáveis) e editoriais de moda, também houve distribuições de mudas nativas do cerrado.
A proposta era à seguinte: Cada artista e estilista recebeu uma Eco-Bag totalmente limpa e crua, para que todas as fossem customizadas utilizando diversos materiais como tintas, tecidos e missangas. O Cerrado Fashion Mob, teve inicio às 14:00hrs com o termino às 20:00hrs. Neste tempo todos os participantes do evento se interagiram e usaram a criatividade para a customização. Este projeto foi uma consolidação de uma tendência ecológica na moda para dar suporte teórico às ações sociais ecologicamente corretas.
O projeto autoral, inteligente e diferenciada ganhou destaque nos dias 27, 28 e 29 de outubro de 2011, com a abertura do Cerrado Fashion Week, no Centro Cultural Octo Marques, no edifício Parthenon Center (antigo Museu de Arte Contemporânea). O evento, que tem o apoio da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), Amil, Euro América, Salon Cosméticos e Shopping Bougainville, apresentaram durante três dias, paralelamente com desfiles de coleções, a exposição coletiva de artes o “Cerrado é arte”, Eco Bags customizadas por Artistas plásticos, onde o Cerrado Fashion Week se posiciona como instrumento de proteção ao Cerrado, empreendendo ações de conscientização do público.
Projetos com este tipo de proposta vêm a discutir questões relativas ao consumo consciente, preservação ambiental, filosofia, além de estudos e aprofundamento da temática “moda e ambiente”. O sistema de moda, com a renovação constante dos produtos, ditadas pelas tendências de moda, estimula consumo excessivo, gerando um ciclo de vida muito curto dos produtos. A produção cresce para atender a demanda estimulada pela publicidade, com isso aumenta o consumo de energia, de água, de matéria-prima, efluentes, lixo, entre outros, e a redução de recursos naturais, com impactos negativos no meio ambiente.
Para gerar soluções sócio-ambientais ligada à área da moda, são criados estes projetos como Cerrado Fashion Mob. O objetivo é disseminar na sociedade o conceito de sustentabilidade ambiental promovendo a inter-relação entre o meio artístico e a comunidade, ágil para alcançar resultados relevantes na difusão dessa proposta no ambiente social. O desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades. Estas definições tratam de pontos fundamentais como o problema da degradação ambiental que geralmente acompanha o crescimento econômico, e a necessidade de que esse crescimento contribua para equilíbrio das classes sociais.
As dificuldades parece se acentuar quando se relaciona a moda com propostas ecológicas, já que a moda se relaciona como novo, com o efêmero, com mudanças cada vez mais rápidas. Com isso, há a busca frenética pela novidade e o aumento de consumo. Este sistema da moda tem grandes conseqüências ambientais que foram ignoradas durante muito tempo. A moda, mais do que indicar os gostos que mudam de tempo em tempo, segundo suas finalidades de atender a vontade de distinção social, se caracteriza como um sistema que constitui a sociedade em que funciona, como um elemento fundamental da relação dos sujeitos e constituição em um mundo de aparências. Funcionando como mediadora das relações sociais, fazendo surgir um padrão estético, que desloca suas emoções para objetivos e símbolos, consumidos muito mais pelo que representam, do que por sua utilidade, desenvolvendo identidades a partir de falsos valores sociais. Desta forma, a superfície, a aparência, o externo, reconstroem imagens do ser a partir de elementos esternos, carregados de signos, que são atribuídos a ele funcionando como agente social, definindo os sujeitos aptos a contemporaneidade autômato.
Numa sociedade de consumo, automatizada a dependência de consumir inconsciente, à medida que consome, o indivíduo agrega a si falsos valores atribuídos a produtos ou marcas, constituindo a atualização do eu a partir de algo sistemático, que busca criar uma identidade social consumidora, desfocada da identidade autoral, perdendo, tecnicamente, a condição de uma idéia de liberdade individual por estar inconscientemente a mercê de um sistema. As mudanças provocadas pela contemporaneidade ocorrem no interior dos discursos, que são práticas sociais construídas nas interações realizadas nos diversos contextos sociais, históricos e culturais. Ao interagirmos com o outro nesses contextos construímos o outro e a nós mesmos a partir de um discurso. Esta relação do poder da aparência, traduzida na competência em lidar com o novo e a tecnologia, dentro da temática da renovação sempre crescente na sociedade autômato.
O controle tecnológico tem pro conseqüência a alteração do comportamento das pessoas. Na sociedade contemporânea da aceleração constante, onde o grande ganho do sistema adaptativo em termos sensoriais e culturais consiste em estabelecer nexos imediatos com os fluxos dinâmicos. Criando assim, sujeitos aptos ao sistema de automação social. Neste contexto, onde as mudanças são constantes e rápidas, indivíduos buscam se relacionar e se identificar em uma determinada classe, estabelecida por um valor social ilusório, pela aparência, assim observa-se o crescente consumo de marcas de luxo.
O luxo aparece como fator importante na diferenciação social no decorrer da história. A sociedade vive adornada em uma ilusão, movimentado pelos desejos e satisfações inconsciente ou mal administrados. Movem-se por satisfações mundanas e momentâneas sem a menor finalidade construtiva e o maior destes são os artigos de luxos devido ao seu posicionamento em uma determinada classe social de falsos valores. O luxo é uma ilusão que embeleza o cenário da vida, causando a sensação de perfeição tornada pelo comportamento social. Assim como zumbis, símbolo da degradação humana movida por satisfações inconsciente, o luxo é o invólucro de uma pose que deve demonstrar um falso poder aquisitivo em um ato momentâneo de superioridade social.
O tempo todo o comportamento social sofre influência da automação, composto por um sistema que manipula o consumismo cultural através das mídias. Confere-se nas fotos a Eco Bag customizada pelo artista Luiz Fers. A pintura é composto por um ser andrógino autômato de identidade censurada, em um caminho maquínico rumo a um planeta mecânico, onde uma árvore emerge com três frutos, representando as polaridades tripolares deste sistema automático. Uma poética visual coerente ao objetivo da produção do evento, que é usar seu “sistema de influência social” para conscientização de uma educação ecologicamente correta.
O editorial produzido por Leandro Porto e Lê Nishimoto, foi fotografado por Junior Mortz e Francois Calil. Arte e beleza ficaram por conta de Evando Filho e Diego Perdigão. Exposição Guardiões do Cerrado Jordana Hermano, artista plástica goiana, com paisagens do cerrado do Planalto Central. Customização das Eco-Bags com os artistas; Luiz Fers, Vinicius Figueiredo, Manoela Dos Anjos Afonso, Mucio Nunes, Bruno Melo, Santiago Régis, Don Gomes Alves, Tatianny Leão, Jordana Hermano Hermano, Wemerson Dhamaceno, Alexandre Liah Liah, Guilherme Lourenço, Mirna Anaquiri e os estilistas; Adevania Silveira, Dora Lemes,Hugo Mor ,Jerônimo Baco, Marcos Manzutti, Marcos Queyroz, RoGo, Thais Maciel , Theo Alexandre.
Referencia bibliográfica:
SANT’ANNA, Mara Rúbia. Série Moda Palavra. Vol. 5. Moda em Santa Catarina: História, critica e perspectiva. Florianópolis, Barueri, SP: UDESC, Estação das letras, 2009.
http://www.revistastile.com.br
http://www.cerradofashionweek.com.br